quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Revisão Recursos Terapêuticos I

 

Data: 23 de novembro de 2011

Horário: 13:00hs

Local: Clínica-escola de fisioterapia / UFVJM

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Casos clínicos comentados – eletroterapia

Os estudos de caso que se seguem demonstram os conceitos da aplicação clínica da estimulação elétrica discutidos em eletroterapia. Com base nos cenários apresentados, propõem-se uma avaliação dos achados clínicos e objetivos do tratamento. Em seguida, há uma discussão dos fatores a serem considerados na seleção da estimulação elétrica como a intervenção indicada e na seleção dos parâmetros ideais para que a estimulação elétrica promova progresso rumo aos objetivos do tratamento.

ESTUDO DE CASO 1 - Toracalgia e Cervicalgia

Exame

História: DS é uma jovem mulher de 28 anos, que foi indicada para fisioterapia com diagnóstico de dor torácica e cervical. DS queixa-se de aumento gradual da dor no pescoço e trapézio superior ao longo das últimas seis semanas. Ela relata que sua dor é pior ao fim do seu dia de trabalho como caixa de supermercado e nota que a dor está mais frequente e intensa que no mês passado. DS afirma que sua dor aumenta com o levantamento e transporte de cargas e qualquer rotação do seu pescoço. Ela teve algumas horas de trabalho reduzidas este mês, por causa do quadro alérgico. Ela foi avaliada por um clínico e a radiografia da sua coluna cervical foi negativa. Ela não tem histórias de arritmias e não tem marcapasso.

Testes e Medidas: A paciente afirma que a intensidade da sua dor cervical é de 6/10. A ADM ativa da sua extremidade superior está dentro dos limites normais, sua força é de 4+/5 bilateralmente e ela está limitada pela dor no pescoço. Sua força no rombóide e trapézio superior é de 4-/5 bilateralmente. A rotação do pescoço e a flexão lateral estão 75% do normal, com a dor bilateralmente. A flexão anterior é desconfortável nos 30% finais da amplitude. A extensão está dentro dos limites normais. À palpação existem significantes nódulos no trapézio superior bilateralmente e pontos-gatilho ao longo da borda medial de ambas as escápulas. DS nega parestesia ou dormência nas extremidades superiores.

Por que esta paciente é candidata à estimulação elétrica? O que deve ser incluído no seu programa de tratamento? Que outros agentes físicos podem ser úteis?

Avaliação, Diagnóstico, Prognóstico e Objetivos

Avaliação e Objetivos:

· Estado Atual: Cervicalgia e toralcalgia. ADM restrita. Diminuição da força do quadrante superior.

      • Objetivos: Controle álgico. Recuperar a ADM cervical normal. Recuperar a força normal do quadrante superior.

· Estado Atual: Dificuldade de levantar e transportar carga.

      • Objetivos: Retornar à capacidade normal de levantar e transportar carga.

· Estado Atual: Diminuição das horas de trabalho.

      • Objetivos: Executar todas as funções relacionadas ao trabalho e voltar às horas normais de trabalho.

Diagnóstico funcional: Postura deficiente.

Prognóstico/Plano de Tratamento: Esta paciente não parece ter um problema ósseo, devido à normalidade da sua radiografia e à ausência de parestesia. Os nódulos do seu trapézio e os pontos-gatilho escapulares indicam uma causa muscular para a sua dor. Em geral, a TENS é um tratamento indicado para redução da dor. Outros agentes físicos tais como ultrasson ou gelo, e calor, podem ser usados em conjunto com a estimulação elétrica. Esta paciente não apresenta contraindicação ao uso da estimulação elétrica.

Intervenção

Propõe-se que a estimulação elétrica seja usada para o controle da dor visando analgesia rápida e potente. Considerar interferencial vetorial (média frequência, despolarizada) e TENS (baixa frequência, despolarizada) Breve-Intensa.

INTERFERENCIAL VETORIAL

Tipo

Parâmetros

Colocação dos eletrodos

2 pares de eletrodos posicionados em + em torno da área cervical superior e torácica à direita.

2 pares de eletrodos posicionados em + em torno da área cervical superior e torácica à esquerda.

Obs. Circundar a área dolorosa e cuidada para não posicionar eletrodo sobre seio carotídeo.

Mecanismo

Ativação de aferentes sensitivos A-delta de forma direta resultando em analgesia rápida e potente.

- Ativação de vias descendetes.

- Liberação de opióides endógenos.

- Colisão antidrômica.

Forma de onda

Corrente despolarizada. Correntes senoidais de média frequência

Frequência de pulso (Hz)

↑ > 90Hz (100 a 150 Hz para a interferência)

Largura do pulso (ms)

~125 ms (pré-estabelecido no aparelho)

Modulação (Modo)

-----------

Amplitude (mA)

Limiar sensitivo (somente sensorial, conforto do paciente)

Duração do tratamento (min)

> 30 min (Obs. a paciente poderia utilizar o aparelho durante todo o dia para o controle da dor)

TENS BREVE-INTENSA

Tipo

Parâmetros

Colocação dos eletrodos

Área dolorosa.

1 par de eletrodos na cervical superior (1 à direita e o outro à esquerda) e 1 par de eletrodos na torácica superior (1 à direita e o outro à esquerda).

Mecanismo

Ativação de aferentes sensitivos A-delta de forma direta resultando em analgesia rápida e potente.

- Ativação de vias descendetes.

- Liberação de opióides endógenos.

- Colisão antidrômica.

Forma de onda

Corrente quadrática desbalanceada e despolarizada.

Frequência de pulso (Hz)

↑ > 90Hz (100 a 150 Hz para a interferência)

Largura do pulso (ms)

↑ > 100 ms (200 a 300 ms)

Modulação (Modo)

Normal

Amplitude (mA)

Limiar sensitivo (somente sensorial, conforto do paciente)

Duração do tratamento (min)

Em torno de 15min/sessão

ESTUDO DE CASO 2 – Gonalgia (dor joelho) Medial

Exame

História: VP é uma mulher de 47 anos, faxineira, desenvolveu gonalgia medial 4 meses atrás. A cirurgia de artroscopia revelou uma ponta de desgaste da superfície troclear do fêmur, que foi então debridada. VP foi submetida a cirurgia 3 semanas atrás e foi encaminhada à clínica de fisioterapia para avaliação e tratamento. Ela tem tido dificuldade para estender sua perna direita e sustentar o peso total à direita ao caminhar e está incapacitada de trabalhar desde a cirurgia.

Testes e medidas: VP classifica quadro álgico direito em 8/10. À palpação do joelho direito da paciente, há ligeiro calor e hipersensibilidade. As incisões estão bem cicatrizadas. O perímetro no meio da patela direita é de 43 cm e da esquerda de 38 cm. A ADM articular do joelho direito é de 10 a 50 graus de flexão. VP deambula pequenas distâncias em casa sem a ajuda de aparelho, mas com o joelho direito em cerca de 15 a 20 graus de flexão em ortostatismo. Ela apresenta grau 4/5 de força de quadríceps à direita dentro da ADM possível.

Por que a estimulação elétrica seria uma boa escolha para esta paciente? Ela tem alguma contraindicação à estimulação elétrica? Quais são alguns objetivos apropriados?

Avaliação, Diagnóstico, Prognóstico e Objetivos

Avaliação e Objetivos:

  • Estado atual: Gonalgia à direita, locomoção prejudicada, perímetro aumentado.
    • Objetivos: Controlar a dor no joelho e o edema, aumentar a ADM e aumentar a força.
  • Deambulação limitada e alterada.
    • Objetivos: Retornar à deambulação normal.
  • Incapaz de trabalhar.
    • Retorno progressivo das horas de trabalho.

Diagnóstico: Mobilidade articular, função motora, desempenho muscular e ADM prejudicados.

Prognóstico/Plano de Tratamento: A estimulação elétrica neuromuscular é um tratamento apropriado para esta paciente porque ajuda a gerar um nível de força maior do que a paciente pode gerar por conta própria. As contrações musculares estimuladas eletricamente ajudam a paciente a aumentar a força da extremidade inferior e pode auxiliar na drenagem do líquido ao redor do seu joelho, contribuindo para a melhora funcional. Esta paciente não tinha contraindicações ao uso de estimulação elétrica.

Intervenção

Para esta paciente, deveria ser usada a estimulação elétrica de média frequência (corrente russa ou interferencial heteródina) visto que objetivaremos aumentar a força muscular principalmente do quadríceps (lado direito).

CORRENTE RUSSA – corrente despolarizada com envoltório quadrático de 10 ms

Tipo

Parâmetros

Colocação de eletrodos

Um canal é ajustado sobre o quadríceps (lado direito), com um eletrodo sobre o ponto motor do reto femoral e o outro na face anterior da coxa seguindo a direção das fibras. O posicionamento pode precisar ser levemente alterado, dependendo da qualidade da contração e do conforto do paciente.

Obs. Optar por eletrodos maiores circulares em função do tamanho da área a ser estimulada e conforto da estimulação. Os eletrodos podem ser de silicone-carbone com gel ou descartáveis.

Durante a estimulação, solicitar ao paciente que realize contrações musculares junto com a passagem da corrente (iniciar com o paciente em decúbito dorsal / assentado. Terapeuta pode fornecer resistência manual ao movimento) e evoluir para exercícios de agachamento. Terapeuta fornece feed-back verbal e sensorial (usar mãos para auxiliar posicionamento correto) sobre o posicionamento dos pés, joelhos e quadris durante a execução do movimento.

Largura do pulso

Pré-estabelecido no aparelho.

Frequência do pulso

Próximo a 50 Hz (50 – 80 Hz para alcançar uma contração regular e suportável)

Tempo On:OFF

10 s ON; 50s OFF para iniciar o tratamento, alterando para 10s ON; 30s OFF com o progresso do paciente.

Tempo de rampa de subida/rampa de descida

2s rampa para conforto

Tempo de terapia

10 – 20 min para produzir 10 a 20 repetições.

ESTUDO DE CASO 3 – Entorse lateral (inversão) de Tornozelo

Exame

História: MC é um jovem estudante de 23 anos. Ele lesionou seu tornozelo durante uma partida de futebol na escola. Ele foi visto pelo médico ainda em campo e diagnosticado com entorse lateral de tornozelo grau II. Seu tornozelo foi envolto em gelo e ele foi enviado ao vestiário para acompanhamento imediato do fisioterapeuta. O paciente foi orientado a usar muletas sem descarga de peso sobre o tornozelo lesionado para preservá-lo.

Teste e Medidas: A inspeção visual mostrou que o paciente mantém seu tornozelo em uma única posição com extrema hesitação para permitir ao terapeuta mover a articulação. A ADM passiva revelou restrições em todas as direções. A ADM é mínima. A articulação talofibular lateral está sensível ao toque, com descoloração indicativa de hemorragia por toda a face lateral e uma dificuldade para visualizar o maléolo lateral devido ao edema. A área está quente ao toque e apresenta uma leve hiperemia. O estudante está saudável e nega história de câncer, diabetes ou qualquer outro problema de saúde.

Que tipo de processo está ocorrendo no tornozelo deste paciente? Que tipo de estimulação elétrica seria mais útil? Que aspectos da lesão do paciente iria resolver? Que outros agentes físicos podem ser usados junto com a estimulação elétrica?

Avaliação, Diagnóstico, Prognóstico e Objetivos

Avaliação e Objetivos:

  • Estado atual: quadro álgico no tornozelo esquerdo, edema e ADM diminuída.
    • Objetivos: Controlar o quadro álgico e o edema. Acelerar a resolução da fase de inflamação aguda. Aumentar a ADM.
  • Deambulação limitada e alterada.
    • Objetivos: Retornar á deambulação normal.
  • Incapaz de jogar futebol.
    • Retorno às partidas de futebol.

Diagnóstico: Mobilidade articular prejudicada, função motora e desempenho muscular e ADM associada à lesão do tecido conectivo.

Prognóstico/Plano de Tratamento: Devido ao mecanismo de lesão, houve um processo inflamatório. A estimulação elétrica usando a CPAV (corrente pulsada de alta voltagem) deve ser uma escolha apropriada de tratamento na medida em que ela tem mostrado retardar a formação de edema durante o estágio inflamatório da lesão e auxilia no processo de cicatrização tecidual. Não existe nada na história do paciente que sugira uma contraindicação ao uso de estimulação elétrica.

Intervenção

CPAV – corrente pulsada de alta voltagem

Tipo

Parâmetros

Colocação de eletrodos

Dois eletrodos de polaridade negativa ao longo das áreas inchadas (eletrodos de tratamento). Um grande eletrodo dispersivo é colocado sobre a panturrilha ou quadríceps.

Obs. Pode-se utilizar gelo, compressão e elevação do membro lesionado para ajudar a minimizar a ocorrência de edema.

Largura do pulso

40 – 100 ms (pré-estabelecido no equipamento CPAV)

Frequência do pulso

120 Hz (60 – 125 Hz)

Modo

Contínuo

Amplitude

Somente sensorial. Peça ao paciente para indicar quando começar a ocorrer uma sensação de vibração ou de formigamento. Continue a aumentar a amplitude até alcançar o nível máximo tolerável.

Tempo de tratamento

30 min

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Efeitos da corrente elétrica na cicatrização

Definição: Estimulação elétrica quando aplicada externamente ao corpo, pode desencadear alterações celulares que intensificam o processo de CICATRIZAÇÃO

Correntes elétricas para cicatrização (CPAV / CDBI / diadinâmicas)

Efeitos

  • Redução do edema
  • Aumento da síntese de proteína e migração celular
  • Efeitos antibacterianos
  • Intensificação da atividade antimicrobiana
  • Oxigenação adequada dos tecidos (abertura de leitos capilares)
  • Promoção da circulação
  • Reparo adequado das feridas
  • Ativação celular (linfócitos e células epidérmicas) pela alteração da membrana celular
  • Atração de tipos celulares adequados para a área

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Eletroterapia para cicatrização (CPAV)

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  • Colocação de eletrodos
  • Na ferida ou ao redor
  • Forma de onda - Pulsada de alta voltagem
  • Polaridade
    • Negativo: fases precoces da inflamação
    • Positivo: fase proliferativa para facilitar a migração de células epiteliais
  • Duração do pulso
    • CPAV – 40 a 100 ms (geralmente pré-fixado no aparelho)
  • Freqüência
    • CPAV – 60 a 125 p.p.s.
  • Pico de voltagem
    • 60 a 90 V (geralmente pré-fixado no aparelho)
  • Tempo on:off
    • Estimulação distribuída continuamente (somente on)
  • Amplitude
    • Limiar sensitivo (sensação confortável sem respostas motoras)
  • Tempo de tratamento
    • 5 dias por semana durante 45 a 60 min

Eletroterapia - controle do edema associado a inflamação (CPAV)

  • Colocação de eletrodos
    • Eletrodo negativo diretamente sobre a área de edema, com o eletrodo dispersivo posto o mais próximo possível
  • Forma de onda
    • Pulsada de alta voltagem
  • Polaridade
    • Negativo: sobre a área de edema
  • Duração do pulso
    • CPAV – 40 a 100 ms (geralmente pré-fixado no aparelho)
  • Freqüência
    • CPAV – 100 a 120 p.p.s.
  • Tempo on:off
    • Estimulação distribuída continuamente (somente on)
  • Amplitude
    • Limiar sensitivo (sensação confortável sem respostas motoras)
  • Tempo de tratamento
    • 20 a 30 min (pode ser utilizada mais de uma vez por dia para retardar a formação de edema associado a inflamação).

Iontoforese

Definição: Penetração de substâncias polares pela pele sob um gradiente potencial constante

Corrente utilizada – corrente galvânica (CDBI – corrente direta de baixa intensidade)

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Leitura Obrigatória para os Alunos

Adotada: GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional-fundamentos e recursos patologias.

Capítulo: 6 - Eletroterapia. p. 148 a 153.

Para Saber Mais

Título: KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia prática baseada em evidências.

Capítulo: 3 - Reparo de tecidos.

Título: PRENTICE. W. E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas.

Capítulo: 2 - O processo de cicatrização e as diretrizes para o uso de modalidades fisioterapêuticas.

IONTOFORESE

Leitura Obrigatória para os Alunos

Adotada: GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional-fundamentos e recursos patologias.

Capítulo: 6 - Eletroterapia. p. 148 a 153.

Para Saber Mais

Título: AGNE, J. E. Eletrotermoterapia teoria e prática.

Capítulo: Galvanoterapia em diante. p. 85 a 110.

Título: PRENTICE. W. E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas.

Capítulo: 6 - Iontoforese.